quinta-feira, 26 de março de 2009

Síndrome de Peter Pan. A minha favorita.

Antes dos 26: me divertindo

Depois dos 26: pagando contas.


Os tempos mudaram, hoje uma criança aprende a ler com 5 anos, uma menina perde a virgindade aos 14 e a Carol entra na famosa crise da meia idade em plenos 26.

Com 26 anos você já não tem mais a “desculpa” de ser jovem. Já não paga mais meia entrada em shows, cinemas, viagens, já está fora das pesquisas de mercado e, o pior, o seu seguro de saúde já é um pouquinho mais caro.

E agora? Virou adulto...Vai, levanta da cama, trabalha 10, 12 horas por dia para juntar dinheiro para comprar uma casa. Comprar uma casa? E a parte linda da independência que o aluguel te dá? Esquece...Independência não combina com a vida adulta, deixa a palavra que te marcou durante os últimos anos de lado e comece a gostar de outra: estabilidade.

Quer sair á noite, beijar um desconhecido e voltar feliz para casa? Não pode, quando sai com um homem já precisa perguntar se ele tem apartamento próprio, planos para o futuro e analisar se ele tem bons genes para ser pai. Gostou do cara, mas ele é orelhudo? Deixa a fila andar, o relógio está correndo contra você e o seu futuro marido tem que estar por aí.

Quer sair á noite beber um pouco a mais e chegar de ressaca no dia seguinte no trabalho? Não pode, não há espaço para enganos, se você errar uma vírgula por causa dos pós-efeitos da vodka a sua empresa perde milhões e você é demitida.

Quer começar algum idioma? Na-...Na sala só vão ter pivetes e você vai se sentir muito mal.

Ok, todo o lado ruim está explicado aqui em cima. Quer saber o lado bom de virar adulto? Eu também...Por enquanto não achei, por isso mesmo que chamo esse momento de: CRISE. Mas calma, também não estou com aquelas idéias malucas de começar a pescar e comprar uma porsche...Estou só aprendendo a viver como adulta. Já sei cozinhar, me maquiar, pagar impostos e já entendi que uma bolsa de couro vale 10 vezes mais do que 5 bolsas de plástico. Creio que estou no caminho certo. Daqui a pouco vou ficar mais azeda, perfeccionista e chata...Já estou me preparando...

Não acho que esse seja o fim do mundo, mas é o meio...hehehehe...Amigos casando, comprando empresas, tendo filhos, enfim, tudo o que parecia estar tão longe está do outro lado da rua. E o que eu espero mesmo é conseguir curtir tanto essa fase quando curti a minha fase “ jovem”. Porque conheço pouquíssimas pessoas que viveram cada segundo da juventude como eu.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O cliente tem sempre a razão. Menos em Lisboa

Lisboa é uma cidade tranquila, gostosa, muito boa de se morar. Aqui as pessoas trabalham para viver e não vivem para trabalhar, como SP. E eu gosto muito dessa filosofia, adoro sentir que estou aproveitando mais as coisas boas e dando ainda mais valor para o meu namorado, minha casa, meus amigos, minhas noites e fins de semana. Mas...Essa deliciosa “paz” tem o seu preço, e ele é alto.

Imagina só. Você no supermercado, uma fila grande, já que sempre, dos 5 caixas, só 1 funciona. Você lá esperando todas as velinhas pagarem uma conta de 87 euros com moedas de 10 centavos e, quando chega a sua vez vc ouve:

Margarida, você viu o que aconteceu com a Rita?
Com a Rita? Não vi
Ela foi passar o troco para a cliente e não tinha
E aí?
Ai que ela teve que pegar num outro caixa, que estava longe e acabou por esbarrar num dos clientes...Que derrubou um iogurte...

Papo vai e papo vem e as mulheres do caixa não estão nem aí para o seu sofrimento. Afinal, o cliente é um mero coadjuvante .

Quando chega a sua vez e vc vai feliz colocar as suas coisas no balcão, ela diz: Espera só um pouquinho que precisamos trocar a bobina.

O processo para trocar a bobina é uma arte quase milenar, funciona assim: A mulher, calmamente, acende a luz do caixa e fica parada esperando alguém notar uma leve luz amarela. Quando o supervisor percebe a mesma vai até o caixa e pergunta: O que foi? E a mulher responde: Preciso trocar a bobina. Ele se locomove outra vez e vai buscar a bobina no fim do mundo. Volta, como uma tartaruga, coloca a bobina e resolve aproveitar e contar todo o dinheiro do caixa.

Acho que não preciso explicar mais, né?! São dezenas de minutos perdidos e ninguém ligando para vc.

Sabendo de toda a falta de importância que os estabelecimentos dão aos consumidores, o governo resolveu criar o Livro de Reclamação, para que assim, toda vez que vc emputecer de vez, possa deixar isso registrado. Nos meus casos passei minutos e minutos escrevendo bíblias que pelo jeito nunca foram lidas.

Para demonstrar um pouco mais da falta de tato com o cliente vou contar um caso real e nojento, ou seja, se vc se aflige facilmente, não leia os próximos 3 parágrafos.

Eu e o Bruno fomos comprar um lanche no Burguer King. Estávamos conversando e na hora de fazer o pedido ouvimos a empregada gritando do nosso lado para o caixa que nos atendia. Olha Pedro, que nojo, vomitaram aqui!! E isso era do nosso lado mesmo, nem olhei direito e continuei pedindo o meu lanche bem rápido para não ficar morrendo de nojo.

A mulher não ligou para a gente e continuou: Olha que engraçado, a pessoa tinha comido algum tipo de marisco, dá para ver...Olha, olha.

Quando já estávamos pegando o troco ela veio até a gente com a vassoura nojenta e mostrou para o caixa os tentáculos do polvo que tinham saídos ilesos do estômago de algum cliente. Juro, a coisa mais sem noção e espanta-cliente que podia existir!!!

Bom, depois desse exemplo horrível, preciso comentar duas situações em que o cliente está sempre errado e quase tem que pedir de joelhos para ser bem atendido.

1 – Farmácia.

Ir na farmácia pode demorar horas e horas, tudo depende de quantos velhinhos estiverem lá dentro, é claro, e de como andam as novelas. As mulheres te ignoram por completo e ficam conversando sobre tudo o que é fútil. E outra, ouse interrompê-las, elas ficam bravas e te tratam pior ainda.

Outro dia falei: Minha senhora, estou com pressa.
E ela: Você não vê que estou ocupada?

*ocupada: sinônimo de discussão de novela

Imagina, eu, que só queria um remédio estava atrapalhando!!! Aposto que se eu falasse que a “Maya vai se casar com o Bahuan no Caminho das Índias” ela viraria minha melhor amiga.

2 – Táxi.

Vcs já sabem que eu odeio os taxistas mais do que tudo no mundo então nem vou me alongar na descrição...hehehe

Para onde a senhora vai?
Para a rua “Braamcamp.”
Depois de parar no “Campo Grande” eu pergunto: Peraí, o que estamos fazendo aqui?
Vc não disse “Campo Grande’”?
Não, disse Braamcamp...
Bom, já que vc não sabe fazer português é melhor descer aqui.

É isso...Tá a fim de pagar o preço? Eu estou pagando feliz da vida.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Casos e Acasos dos transportes públicos.

Existem pessoas que acham fantástico vir para a Europa e andar de transportes públicos. Consideram-nos hype, práticos e até mesmo amigos-do-verde. E, é, claro, existe eu, que não consigo entender o pq dessas pessoas pensarem assim.

No calor, você entra num metro, por exemplo, e estão todos apertados como sardinhas, suando em bica e exalando cheiros nada agradáveis. Já no inverno, quando vc se acha livre dessas coisas desagradáveis, na sua primeira viagem descobre outro fato, as tosses e os espirros. É cof-cof para cá e para lá e todos aqueles germes vão para onde??? Para vc, é claro, no caso eu, que tive até bronquite este ano.

Sei que devo estar parecendo uma fresca neste momento. Mas realmente tenho preguiça de transportes públicos e acho que já somos íntimos o suficiente para você, leitor, me entender. A única coisa boa de andar nos mesmos é ter histórias para dividir, afinal, acontecem coisas estranhíssimas...

Tem um cara na minha rua que só corta as unhas enquanto espera o ônibus . É a terceira vez que vejo ele fazendo isso no ponto. Ele leva o seu trim e fica concentrado na sua higiene pessoal, se eu posso dizer que isso é higiene. E as unhas vão caindo no chão e as pessoas vão ficando enojadas...E ele? Nem aí...hehehehe

Outro dia, no metro, apareceu a verdadeira mulher barbada. Não estou exagerando, era uma mulher que tinha barba mesmo e não era nada ralinha. A doida ainda a aparava com cuidado e, como o Bruno diz: fazia até “a mosca”. “Mosca”, para quem não sabe, é aquele quadradinho de barba que fica logo embaixo da boca. Enfim, a mulher além de ter acabado de escapar do Circo, ela ainda estava mal vestida e....Vendia sanduíches.!!! Tadinha, deu até dó, mas como ela acha que vai vender algum sanduíche???? Ela devia era fazer um curso de marketing e mudar o seu produto de venda para algum tônico capilar ou remédio para carecas...Tenho certeza que aumentaria os seus lucros.

Mais uma história sobre metros? Tudo bem... Um dia estava esperando o mesmo e já estava bem tarde. Com fome fui naquelas maquininhas e tirei um chocolate com nozes. Estava lá toda pimpona comendo o meu chocolate quando deixo cair uma noz inteira. Ao olhar para o chão dou de cara com um ratinho ( daqueles bonitinhos mesmo, não as ratazanas de esgoto de SP). Ele pegou a noz e a comeu toda. Ficou lá um tempo e fugiu. Achei fofo. Mas depois de alguns segundos ele apareceu de volta, e desta vez com a família inteira. Uns 4, 5 ratinhos me cercaram e com medo acabei dando foi o meu chocolate todo. Assim, ficou registrado o primeiro caso de assalto de ratos da história.

E, para acabar...Todos os dias eu pegava o ônibus na mesma hora e junto comigo entravam 1 mãe com um bebé de colo e duas crianças de mais ou menos 4 anos. Ela fazia o maior malabarismo e todos tentavam ajudar, inclusive eu. Normalmente me sentava perto da família e ia brincando com os garotos. Isso foi numa boa até o dia que um dos filhos dela começou a me odiar. Do nada o menino ficou alteradaço, primeiro ele chorava ao me ver e, depois, me chutava. Passei a me sentar longe, mas não adiantava, ele ia até mim e me chutava ou gritava. E os mini chutes doem, ?! E não posso fazer nada a não ser sorrir e devolver a peste para a mãe. Resultado, chego 15 minutos atrasada no trabalho pq só pego o próximo ônibus...hehehehe...Tenho medo de crianças doidas.

E assim vou levando, ou melhor, e assim vou rezando para o meu carro sair do conserto.

quarta-feira, 11 de março de 2009

De outros carnavais.






Vou contar um pouco do que acontece no mês do Carnaval de uma brasileira que mora fora.

Para começar, durante o mês inteiro, todos os portugueses perguntam: Vc não vai passar o Carnaval no Brasil?????? E eu respondo: Não...Logo vê-se que os seus rostos mudam e paira no ar um sentimento profundo de pena...E logo comentam bem baixinho: “Ai que dó, você deve estar se sentindo péssima”. E eu vou responder o que? Não, ao contrário, me sinto é feliz de não estar naquela zona e não ter que assistir 35 horas seguidas de desfiles na TV.

Então vem outra concepção geral igualmente interessante, os gringos acreditam que a gente já nasce sambando, que é tipo genético, sabe? Quando vc fala que não sabe sambar eles acham que é charminho, preguiça, vergonha ou algo do género. Não conseguem entender que tem pessoas, como eu, que simplesmente não conseguem, não têm alongamento ou prática suficiente.

Bom, aí vem uma terceira constatação, o fato deles pensarem que desfilar é a coisa mais glamurosa e incrível do universo. Sempre me perguntam: Vc já desfilou, né?! E eu respondo que sim, por acaso já desfilei em SP, só pela graça mesmo. E, entusiasmados me pedem para ver fotos. Quando mostro é uma decepção enorme, eles estão esperando ver alguém em cima de carros alegóricos com lantejoulas no corpo cantando e dançando sem parar. E quando olham as fotos descobrem que só as Maria-Chuteiras e ex-bbbs desfilam assim, o povão mesmo está sempre com fantasias tão feias, gigantes e estranhas que não dá nem para dançar, só dá para ficar rodando no próprio eixo.

Essas coisas me fazem pensar...Imagina só, uma portuguesinha resolve ir para o Rio, encomenda uma fantasia daqui por 5oo euros. Chega lá e vê que comprou uma fantasia de papagaio que é tão grande que ela não consegue pegar um táxi, tem que ir de ônibus até o desfile.

Chega na concentração e já está com a pele toda assada daquela roupa que não cabe em lugar nenhum. Vê rápido que precisa ficar do lado da ala das pessoas vestidas de abacaxi. E assim vai ficar por mais algumas horas.

A fantasia, que é inteira fechada e tem um capacete (como sempre), começa a deixá-la com muito calor e ela resolve tomar umas cervejinhas. Ok, deu vontade de fazer xixi, o que fazer? Não tem nenhum banheiro por lá, exatamente por isso que muitas pessoas estão de fraldas geriátricas. E fuja de quem não está, pq se reparar esta pessoa deve estar fazendo xixi no pé dos outros no meio da rua. O chão fica uma mistura de xixi, cerveja, sujeira e pedaços de plumas, uma delicia!

Depois de 2 horas na concentração ela já decorou um pedacinho do samba enredo e descobriu que para cantar samba é só dividir as sílabas da música. Por exemplo: Naveguei, NA- VE-GUEI, ou Lá vou eu...LÁ-VOU-EU!!!

Tá quase na hora e o espírito de união é de 100%, ou seja, estão todos tão grudados que respiram o mesmo ar. Suor com suor, fantasia com fantasia e, quando o portão abre, passo com passo. Ela deve pensar: poxa, como vou mostrar todo o meu molejo aqui? Tenta pegar um espacinho só para ela e quando consegue um 1 metro quadrado a câmera da Globo passa por perto e todas as pessoas se atiram na sua direção para ver se conseguem ter os seus 15 segundos de fama.

Opa, a pista acabou...

Como dizem: "Todo Carnaval tem seu fim"
Como eu digo: Ainda bem!

A Portuguesinha volta andando para o hotel e no caminho ainda ouve um último samba, bem de raíz, aquele que é a marca registrada do Rio. O ladrãozinho de 12 anos do seu lado diz:

"Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí...
Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí..."