sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Cadê a chave?


Existem fases aqui em Portugal que nos fazem surtar e o Bruno, com certeza, se encontra numa delas. 

Tudo incomoda o menino, qualquer frase vira insulto, qualquer tom de voz vira bronca e qualquer vírgula vira um preconceito, mas sabe de uma coisa, muitas vezes eu até concordo com ele.

Assim que eu fui para o Brasil o Bruno saiu de casa com pressa e quando bateu a porta se tocou de que não tinha levado a chave. Depois de alguns minutos de pânico lembrou que os bombeiros abriam portas de graça e ligou para os mesmos.

Em poucas dezenas de minutos lá  estavam eles, junto com a polícia. A primeira pergunta que fizeram foi: tem como você provar que mora aqui? E como ninguém sai de casa com comprovativos de residência, ele respondeu: não. Os bombeiros já queriam ir embora em seguida da resposta, mas ele teve uma brilhante idéia e disse: E se perguntarmos para os meus vizinhos? Eles podem comprovar que moro aqui...E assim começa a história.

Bateram na porta da minha vizinha da frente, mas como ela tem 100 e todos os anos e é surda, não ouviu, então foram bater na minha vizinha de baixo.

Só um parênteses: A vizinha de baixo tem um hobbie, passar a vida nos enchendo o saco por causa de um vazamento. Foram dezenas de reclamações, dezenas de telefonemas para bombeiros e dezenas de manhãs estragadas graças a essa chata. Uma vez ela até nos obrigou a quebrar o banheiro inteiro e tivemos que ficar 2 dias tomando banho de panela. Nessa ladainha já se vão 8 meses de problemas e ela continua achando que toda a desgraça dela vem da nossa casa.

A velha ouviu e foi atender. O bombeiro gentilmente contou que o Bruno tinha esquecido a chave e que precisava que ela o identificasse para poderem arrombar a porta. Não é que a doida olhou bem para ele e respondeu: Nunca vi na vida, não deixem esse menino entrar não!

Bom, é claro que o Bruno ficou puto, a mulher já tinha o visto trocentas vezes e estava com aquele ar de bruxa malvada da Disney. Ele tentou conversar com ela, tentou fazê-la lembrar, mas nada dela assumir. Até que eles já estava indo embora, quando a velha ao fechar a porta gritou: " Não deixe esse brasileiro entrar mesmo, ele sempre esquece a chave". O policial estranha a frase e diz: " Como assim...Sempre?"..." Então a senhora conhece o Bruno?" e ela responde: "Sim, aliás, entra um minuto no meu apartamento para ver o meu vazamento no banheiro".

A sacana fez todo mundo entrar na casa dela, ver os canos, fez a queixa e só assim liberou o Bruno para retornar ao apartamento. Assim que ele entrou, respirou fundo, foi para a varanda, viu o varal da velha chata logo abaixo, cuspiu em todas as roupas dela e ainda jogou a areia que estava na nossa bolsa de praia. Respirou fundo e saiu para o trabalho.

Quando estava fechando a porta encontrou a vizinha surda da frente, ela foi ver se estava tudo bem e ele teve que gritar tudo o que tinha acontecido, depois de estar rouco e 1 hora atrasado para o trabalho, bate a porta e pensa: Cadê a chave???

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Anabela e os 4,5 quilos.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Nóis capota, mas não freia.

Nossa história de hoje tem o Bruno como protagonista, e para que já saibam desde já, ele é cogitado para entrar para a história como "O primeiro português a ser expulso do seu próprio país".

Numa tarde de sol e temperaturas altíssimas, Bruno sai de casa para tentar abrir uma conta no banco. Como já era a sua terceira tentativa estava confiante, a regra de 3 sempre funciona por aqui. Parou o smart na porta do banco numa bendita vaga e entrou no Banif.

Por algum milagre ele conseguiu abrir a conta em alguns minutos, os atendentes foram simpáticos e ele ainda teve uma série de regalias. Seria um dia bom? Acho que não...

Assim que o Bruno retorna ao seu carro e sente aquele bafão vindo de dentro do mesmo, abre os vidros com pressa e repara que um outro carro está o atrapalhando. Toca de leve a buzina e um senhor sai de dentro do veículo, segue para a sua direção e diz:

- Se eu fosse um gajo honesto chamaria a polícia!

O Bruno sem entender nada pergunta o pq daquilo tudo.

E o senhor responde: Você não reparou que é proibido parar aqui?

O Bruno continuou sem entender nada, não tinha visto placa nenhuma, mas respondeu educadamente: Desculpa, foram apenas 10 minutos...

O senhor estava indignado e continuou levantando a voz para o Bruno: Menino, como pode ser tão sem noção! Era óbvio que não podia parar ai! E que 10 minutos o que?! Fiquei 25 minutos dentro do meu carro te esperando, seu mal-educado!

Bruno: Você ficou 25 minutos tostando no carro só para me dar uma bronca?

Senhor: Sim, e esperaria muito mais.

Bruno: Então vai a merda!!!!

Senhor: Vai para onde?

Bruno: Para a merda, conhece?

O senhor ficou mais bravo ainda com a ofensa e resolveu fazer um escudo humano, se pôs na frente do carro e disse: Quero ver você sair daqui.

Resultado: atropelamento.

Se ele machucou? Pelo espelho retrovisor o Bruno viu apenas o homem a saltitar. Um Smart não deve causar mais do que um hematoma.

Se o Bruno dormiu bem com tudo isso? Melhor do que nunca.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Amiguinho de Cuiabá.

Eu nasci marrenta, simplesmente nasci assim. Filha de uma personagem brava de vestido vermelho e de um mafioso italiano só podia ter dado nisso, por isso mesmo que digo que foi "simplesmente assim". Não ligo muito de ser marrenta, acho até que é o que define a minha personalidade, mas entendo as mil críticas que levo e desentendimentos.

Outro dia um amigo disse que eu tenho problemas em expressar os meus sentimentos, dificuldade em olhar para o próximo e dizer:" cara, gosto tanto de você". Na hora aquilo não fez muito sentido, até pq estávamos bêbados e não parecia passar de mais uma conversa alcoólica. Mas de alguma forma a mensagem ficou na minha cabeça...E é a mais pura verdade, devia falar para todos que eu gosto o quanto eles são especiais para mim.

Sendo assim, quero começar por quem me fez enxergar tudo isso, meu amiguinho. Um dos poucos que conheço que entende minhas aflições e vontades, além de me fazer rir a cada vírgula. Conheci ele outro dia, logo ali, mas vai ficar para sempre aqui, comigo.

Aqui vai um textinho dele. Para variar bom, para variar, o meu orgulho.


Ah, meu Cuiabá

Queria ter nascido em Cuiabá. E queria muito, muito. Ah, minha linda Cuiabá, capital do meu enorme Mato Grosso. Cidade que por toda a sua natureza ficou conhecida como a Cidade Verde. Ah, minha Cuiabá. Queria tanto ter feito compras no Cuiabá Lar Shopping, dançado no Cuibá NightClub e ter rido com as histórias do Reginaldo e do Lambari, regado a muita Xingu, ali no Cuiabar. , como eu queria. Eu queria ficar com raiva quando alguém fizesse aquela piadinha (muito sem graça por sinal) de que uma cidade que começada com “Cu” não pode ser boa. Quem diz isso é quem não conhece. Quem diz isso não sabe o que é ser Cuiabano. Não sabe como bate o coração de um Cuiabense (por via das dúvidas vou tentar as duas formas). Na hora de rezar e agradecer a Deus por ter nascido aqui, no Cuiabá, eu iria na Igreja Rosário e São Benedito. E quando esse mesmo Deus me fizesse, por castigo, sair daqui seria sempre pelo aeroporto Marechal Rondon. Ah, meu Cuiabá, como eu queria saber que nada se compara ao sabor de um peixe de Rio preparado pelas mãos mágicas da Dona Lurdinha. E sentir que o Jardim de minha casa é o próprio Pantanal. E que a novela Paraíso, da Globo, foi quase toda filmada aqui e uma parte pequena em Paconé.

Quando por acaso eu ligasse o rádio e ouvisse uma música sertaneja, seria capaz até de cair uma lágrima. Mas não estranhe não, que o Cuiabá é terra de cabra macho e de vaqueiro. De quem ganha no laço, de quem cospe o mel e mastiga a abelha. Mas chega de falar de homem e vamos falar de quem merece: as mulheres do meu Cuiabá. Porque você pode rodar o mundo, ir aos Estados Unidos ou até ao Japão, que mulher mais bonita que as de Cuiabá não vai encontrar não. Esse cabelo de índia com esse jeito de menina só há em um lugar.

Ê mundão. Seria aqui que teria me criado meu pai e onde eu iria criar meus filhos. Saber que mais do que a cor dos olhos e dos cabelos, o que eu passaria a eles seria o respeito e a força que só quem leva na alma o cheiro da fazenda tem. E nessa terra de fazendeiro, não tem como não perder a cabeça com o trânsito na Avenida Historiador Rubens Mendonça. Especialmente ali na altura do Hospital Otorrino. (alô prefeito Wilson Santos, será que o metrô superfície não é a solução????). Pais, filhos, irmãos, primos e amigos seria lá que eles iriam morar. Com exceção do Euler, aquele maluco, que se mudou pra São Paulo. De que adianta estar rico e não ter saúde? Eu teria pescado muita Piapara e Pacu na Zona da Gruta. Eu ia ter orgulho em defender que é bem capaz do Bagre Gigante ser ainda maior que o tão comentado Pirarucu da Amazônia. E seriam tantos rostos conhecidos no meio dos nossos 550 mil habitantes. Eu ia saber que os Bandeirantes vieram para cá por causa do nosso ouro. Mas que quem vive aqui sabe que a terra é que é o nosso maior tesouro. Eu ia gostar muito de comprar no mercado do Porto, que tantas delicias tem. Lugar ótimo também para um relaxante passeio aos domingos. Eu ia encher o peito na hora de falar que nosso centro histórico foi tombado como patrimônio histórico nacional. Eu ia acertar meu relógio pelo relógio da catedral. E ia sentir falta de cada segundo longe do meu Cuiabá.

É, eu queria. Eu queria muito. Mas eu sou carioca. E por isso tenho que agüentar essa saudade escrota toda vez que vejo uma foto da praia de Ipanema.