terça-feira, 4 de agosto de 2009

Amiguinho de Cuiabá.

Eu nasci marrenta, simplesmente nasci assim. Filha de uma personagem brava de vestido vermelho e de um mafioso italiano só podia ter dado nisso, por isso mesmo que digo que foi "simplesmente assim". Não ligo muito de ser marrenta, acho até que é o que define a minha personalidade, mas entendo as mil críticas que levo e desentendimentos.

Outro dia um amigo disse que eu tenho problemas em expressar os meus sentimentos, dificuldade em olhar para o próximo e dizer:" cara, gosto tanto de você". Na hora aquilo não fez muito sentido, até pq estávamos bêbados e não parecia passar de mais uma conversa alcoólica. Mas de alguma forma a mensagem ficou na minha cabeça...E é a mais pura verdade, devia falar para todos que eu gosto o quanto eles são especiais para mim.

Sendo assim, quero começar por quem me fez enxergar tudo isso, meu amiguinho. Um dos poucos que conheço que entende minhas aflições e vontades, além de me fazer rir a cada vírgula. Conheci ele outro dia, logo ali, mas vai ficar para sempre aqui, comigo.

Aqui vai um textinho dele. Para variar bom, para variar, o meu orgulho.


Ah, meu Cuiabá

Queria ter nascido em Cuiabá. E queria muito, muito. Ah, minha linda Cuiabá, capital do meu enorme Mato Grosso. Cidade que por toda a sua natureza ficou conhecida como a Cidade Verde. Ah, minha Cuiabá. Queria tanto ter feito compras no Cuiabá Lar Shopping, dançado no Cuibá NightClub e ter rido com as histórias do Reginaldo e do Lambari, regado a muita Xingu, ali no Cuiabar. , como eu queria. Eu queria ficar com raiva quando alguém fizesse aquela piadinha (muito sem graça por sinal) de que uma cidade que começada com “Cu” não pode ser boa. Quem diz isso é quem não conhece. Quem diz isso não sabe o que é ser Cuiabano. Não sabe como bate o coração de um Cuiabense (por via das dúvidas vou tentar as duas formas). Na hora de rezar e agradecer a Deus por ter nascido aqui, no Cuiabá, eu iria na Igreja Rosário e São Benedito. E quando esse mesmo Deus me fizesse, por castigo, sair daqui seria sempre pelo aeroporto Marechal Rondon. Ah, meu Cuiabá, como eu queria saber que nada se compara ao sabor de um peixe de Rio preparado pelas mãos mágicas da Dona Lurdinha. E sentir que o Jardim de minha casa é o próprio Pantanal. E que a novela Paraíso, da Globo, foi quase toda filmada aqui e uma parte pequena em Paconé.

Quando por acaso eu ligasse o rádio e ouvisse uma música sertaneja, seria capaz até de cair uma lágrima. Mas não estranhe não, que o Cuiabá é terra de cabra macho e de vaqueiro. De quem ganha no laço, de quem cospe o mel e mastiga a abelha. Mas chega de falar de homem e vamos falar de quem merece: as mulheres do meu Cuiabá. Porque você pode rodar o mundo, ir aos Estados Unidos ou até ao Japão, que mulher mais bonita que as de Cuiabá não vai encontrar não. Esse cabelo de índia com esse jeito de menina só há em um lugar.

Ê mundão. Seria aqui que teria me criado meu pai e onde eu iria criar meus filhos. Saber que mais do que a cor dos olhos e dos cabelos, o que eu passaria a eles seria o respeito e a força que só quem leva na alma o cheiro da fazenda tem. E nessa terra de fazendeiro, não tem como não perder a cabeça com o trânsito na Avenida Historiador Rubens Mendonça. Especialmente ali na altura do Hospital Otorrino. (alô prefeito Wilson Santos, será que o metrô superfície não é a solução????). Pais, filhos, irmãos, primos e amigos seria lá que eles iriam morar. Com exceção do Euler, aquele maluco, que se mudou pra São Paulo. De que adianta estar rico e não ter saúde? Eu teria pescado muita Piapara e Pacu na Zona da Gruta. Eu ia ter orgulho em defender que é bem capaz do Bagre Gigante ser ainda maior que o tão comentado Pirarucu da Amazônia. E seriam tantos rostos conhecidos no meio dos nossos 550 mil habitantes. Eu ia saber que os Bandeirantes vieram para cá por causa do nosso ouro. Mas que quem vive aqui sabe que a terra é que é o nosso maior tesouro. Eu ia gostar muito de comprar no mercado do Porto, que tantas delicias tem. Lugar ótimo também para um relaxante passeio aos domingos. Eu ia encher o peito na hora de falar que nosso centro histórico foi tombado como patrimônio histórico nacional. Eu ia acertar meu relógio pelo relógio da catedral. E ia sentir falta de cada segundo longe do meu Cuiabá.

É, eu queria. Eu queria muito. Mas eu sou carioca. E por isso tenho que agüentar essa saudade escrota toda vez que vejo uma foto da praia de Ipanema.

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